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degustação às cegas: ALICANTE BOUSCHET brasil X portugal

Atualizado: 27 de set. de 2023

Ao longo dos anos, a Alicante Bouschet se espalhou por várias regiões vinícolas ao redor do mundo, incluindo Portugal e Brasil.


E, por isso, é interessante comparar rótulos de diferentes regiões para compreender a diferente expressão em diferentes terroirs da mesma casta, principalmente quando essa comparação é feita em degustação às cegas, pois não há influência sensorial na prova.


A casta é conhecida por sua intensidade e caráter. Originalmente francesa, ela foi desenvolvida no final do século 19 por Henri Bouschet, um viticultor francês, que decidiu cruzar as uvas Petit Bouschet e Grenache. O nome "Alicante" é uma referência à cidade espanhola de Alicante, onde a uva também é cultivada.



Uma característica única da Alicante Bouschet é a sua polpa e casca vermelha escuras, o que a torna uma das poucas uvas tintas que têm essa intensidade de cor desde o momento da colheita. Aliás, você sabia que as uvas tintas geralmente são brancas no seu interior? E o fato da Alicante Bouschet ser tinta também para além da sua casca, isso a torna muito desejável para a produção de vinhos tintos profundos e ricos em cor.

Rótulo Adega Monte Branco Alicante Bouschet x Pizzato Alicante Bouschet - Ambos da safra 2020


Ontem, portanto, eu tive a oportunidade de degustar dois rótulos feitos a partir da Alicante Bouschet: um da região de Estremoz no Alentejo em Portugal, da vinícola Adega Monte Branco e o outro da região da Serra Gaúcha, da vinícola Pizzato, do Rio Grande do Sul no Brasil.


Antes de dizer quem venceu a batalha, abaixo compartilho a descrição dos rótulos e a minha análise em relação a cada um e claro sugestão de harmonização:


Vinho da Adega Monte Branco (Alentejo):


- Cor: O vinho apresentou uma cor profunda e intensa de cor púrpura/rubi, característica dos Alicante Bouschet.

- Aroma: Os aromas identificados foram notas de frutas escuras maduras, como ameixas e amoras, complementadas por toques sutis de especiarias, como pimenta preta, cravo e um toque fumado proveniente do seu estágio em madeira.

- Paladar: No paladar, o vinho era encorpado rico, com taninos redondos e bem integrados. Sabor de frutas escuras, principalmente amora juntamente com as nuances de carvalho, como baunilha e tostado, devido ao envelhecimento em barricas. Acidez muito equilibrada, média/alta o que fazia pedir pelo próximo gole ou a próxima garfada.

- Final: O final era médio longo e persistente, deixando um agradável sabor frutado e de especiarias na boca.

- Harmonização: Foi o famoso pastelão da Cozinha da Lívia que você encontra aqui. Harmonizou perfeitamente por concordância dos sabores e aromas presentes no vinho com os aromas e sabores dos ingredientes da receita. E também, pela contraposição da gordura presente nos ingredientes (linguiça/ massa folhada) com a acidez presente no vinho.

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Por outro lado, o vinho da Vinícola Pizzato, da Serra Gaúcha, exibiu uma expressão diferente da casta, com características mais frutadas, refletindo o clima mais ameno da região sul do Brasil.





Vinho da Vinícola Pizzato (Serra Gaúcha):


- Cor: O vinho da Serra Gaúcha continha uma cor mais puxada para o púrpura.

- Aroma: No nariz, poderia oferecer mais aromas de frutas vermelhas frescas, como cerejas e framboesas, a sensação era de uma fruta já cozida.

- Paladar: No paladar, o vinho era mais leve em corpo, com seus taninos bem suaves e tímidos, assim como a sua acidez que considerei média porém média para baixa.

- Final: O final do vinho da Serra Gaúcha era curto. Não deixava persistência em boca.

- Harmonização: Como foi feita uma batalha às cegas, o vinho da Pizzato também foi harmonizado com o pastelão de linguiça, porém o pastelão era mais carregado no sabor do que o vinho.



DECISÃO: QUEM GANHOU?!




Embora o vinho da Pizzato tenha sido uma agradável surpresa, o vinho da Adega Monte Branco, do Alentejo, apresentou uma riqueza de sabores, aromas típicos da região, como frutas maduras e especiarias, complexidade e uma acidez bem marcada. Por esses motivos ele venceu a batalha e se mostrou o favorito entre os dois rótulos. O vinho da Pizzato, é um bom vinho. E, na minha opinião ele é ideal para àquele domingo despretensioso em casa, a assistir um filme ou série no netflix e harmonizar com uma deliciosa pizza!


A vitória pode ser atribuída à longa tradição de produção de vinhos em Portugal e à qualidade dos vinhos do Alentejo, que é conhecida por produzir vinhos robustos e encorpados. Além da combinação de terroir, tradição da casta na região, somada às técnicas de vinificação e à seleção de uvas que provavelmente desempenhou um papel crucial na vitória do vinho português.


Essa experiência proporcionou uma oportunidade única para explorar as nuances da casta Alicante Bouschet, estudar como ela se comporta em diferentes terroirs (Velho mundo x Novo mundo) e apreciar como as diferentes regiões podem produzir vinhos distintos.


Certamente, foi uma degustação enriquecedora para o meu repertório vínico e para compartilhar com vocês queridos wine lovers da Cozinha da Lívia ! 🍷


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